quarta-feira, 23 de março de 2011

Vida Consagrada, vida de comunhão



A vida consagrada desde a origem da Koinonia com São Pacômio do Egito nos apresenta o progredir em Cristo para Deus. O ser consagrado lançando fundas raízes no evangelho de Cristo, visa exprimir esse Evangelho em toda a sua integridade. A santidade religiosa do consagrado é a plenitude da sua adoção divina em Jesus, a entrega absoluta de si mesmo, de todo o seu ser, por amor, ao apelo da vontade do alto. Tudo quanto Deus lhe impõe e dele exige, tudo o que Jesus Cristo o aconselha tem como único objetivo que ele seja um digno filho de Deus e irmão de Jesus.

A perfeição, com efeito, pode ser resumida nesta íntima disposição do consagrado que se esforça por agradar ao Pai celeste, vivendo em conformidade coma graça da adoção sobrenatural.

Para tanto, é preciso permanecer em Cristo, primeiro pela fé, pois, pela fé Cristo habita em nossos corações, e segundo pelo amor, entregando-se inteiramente ao serviço de Cristo e observância dos seus preceitos; ¨Quem me ama, observa os meus mandamentos¨ (Jô 14,21).

O Consagrado despoja-se, desapega-se de tudo, afasta todos os obstáculo que lhe podem retardar a marcha para Deus. É nele mais ardente a fé, mais largo e generoso o amor. Neste feliz estado, pode a alma unir-se mais plenamente a Deus, ponto de não ser mais ele que vive, mas Cristo que vive nele.

Cristo no espírito, Cristo no coração, Cristo nas mãos, pensamento permanente de Cristo, amor perpétuo de Cristo, imitação consciente e constante de Cristo: aqui está o que assegura a união de sua alma com Deus e faz do seu serviço uma obra de amor. E eis porque, de entre todos os meios propostos pelos fundadores aos seus discípulos para alimentar a chama da verdadeira espiritualidade, aquele em que mais insiste e com mais clareza é o olhar íntimo da alma para o Divino Mestre e a imitação dos seus exemplos.

Como escreve o santo abade de Lissíaco, Luís Blósio, ¨nada mais vantajoso do que imitar Cristo, ora a sua incompreensível divindade, ora a sua nobre humanidade; elevar-se até a primeira pela segunda, para depois a esta última.

Desta forma, ver-se-á o asceta, como a árvore ¨plantada à beira da água¨, maravilhosamente banhada pela torrente da graça celestial; e deste modo mais feliz ¨entrará e sairá¨, e na humanidade e divindade do Senhor ¨encontrará os mais deliciosos prados¨. Por esta forma atingirá o fim de todos os exercícios interiores, que é unir-se de amor só a Deus, pela renúncia universal, no centro íntimo e indescritível da alma inteiramente libertada, perder-se totalmente na amável humanidade de Cristo e tornar-se semelhante a Ele¨.

Buscar a Deus seguindo as pegadas de Cristo: eis em poucas palavras a sublime vocação que a igreja propõe aos seus consagrados. Para São Bento Cristo é o Pantocrator, o Senhor todo-poderoso. Cristo é o Senhor a quem se serve, o rei sob o qual se milita.

O verdadeiro consagrado concretiza o seu ¨seguimento de Cristo¨ na obediência; uma obediência alerta, cheia de entusiasmo, jovem e jovial, na lealdade e na fidelidade à palavra dada. A obediência é a forma mais perfeita da imitação do Cristo. ¨Não vim fazer a minha vontade, mas a d`Aquele que me enviou¨. Na humildade que consiste em, por amor de Deus, se submeta o irmão, com inteira obediência aos superior, imitando o Senhor, de quem disse o Apóstolo ¨Fez-se obediente até a morte¨.

O homem vale o que ele procura, vale em relação àquilo que ele procura. Sendo assim, buscar a Deus para o consagrado equivale a manter-se unido a Ele pela fé como seu objeto de amor.

Esse espírito de abandono que coloca como fim da vida do consagrado a incessante busca de Deus, o leva necessariamente a ter com Ele um contínuo diálogo. São Jerônimo diz a Eustóquium: ¨Se oras, falas com teu Esposo. Se lês, Ele fala a ti¨.

A Lectio divina constitui para o consagrado um escutar e um saborear a Sagrada Escritura como estar sentado, como Maria, aos pés de Jesus, para não perder uma única palavra saída de Seus lábios. O consagrado lê a Deus simplesmente para estar com Ele, para escutar a sua voz, ou seja, a lectio divina é um encontro pessoal com Deus, é uma experiência de Deus, pois nela se verifica uma comunhão de vida, uma participação, uma comunhão.

Quando a lectio é atenção a Deus e contato pessoal e íntimo com sua Palavra, a oração brota espontânea e irresistivelmente, se tornando um diálogo de amor, de coração a coração, na mais completa intimidade pessoal. De certo, todas essas ações exigidas para a verdadeira lectio constituem a verdadeira postura do discípulo, pois correspondem à postura daquele que é capaz de ouvir os desígnios de Deus.

Uma das grandes virtudes do ser consagrado, é que busca a santidade e que busca estar sempre unido a Deus a serviço do próximo. Enfim, a vida consagrada foi desde a origem de São Pacômio até os nossos dias organizada de uma maneira tal e singular que facilita em tudo a vida de quem busca a Deus no afastar-se das coisas do mundo, servindo os irmãos, na humildade, na obediência, na pobreza, na castidade,na vivência do amor.


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por Dom Roberto Lopes, OSB,Vigário Episcopal para a vida consagrada

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segunda-feira, 21 de março de 2011

terça-feira, 15 de março de 2011

@juventude



O mundo de dentro do jovem


  Atualmente, os jovens de uma forma geral conhecem a Internet; sabem as músicas da parada de sucesso; as gírias do momento; as roupas que estão na moda; os artistas que estão em alta; e alguns poucos, ainda sabem acerca de cultura, política; dentre outros assuntos que permeiam as notícias mais em voga. Isso reflete a era da tecnologia, da modernidade, da rapidez, da competitividade; aspectos tão presentes no nosso cotidiano e que nos ordenam cada vez mais conhecimento atualizado e nos implicam em uma rotina de inúmeras exigências para sermos pessoas “ideais”; mas ideais segundo quem?

Infelizmente muitos jovens não sabem nem porque se submetem a certos imperativos do mercado; sejam no nível de atitudes ou de aquisição de bens de consumo; e o pior, não sabem nem distinguir suas verdadeiras preferências pessoais e se pedirmos para falarem de si ou dizerem quem são, não sabem responder ou dão respostas vazias. Os jovens se encontram tão imbuídos na realidade imposta; quer seja pela mídia, moda, sociedade capitalista; que lhes escapam o limiar entre o que originariamente são, acreditam e gostam; do que lhes é apresentado como bom, agradável, correto, e etc.

Ou seja, conhecem o mundo de fora, mas sabem muito pouco de si, não conhecem o mundo de dentro. É comum entre os jovens a dificuldade de expressão dos seus sentimentos, de dizerem o que se passa dentro deles. O dia ‘corre’ muito rápido, são muitos afazeres: escola, faculdade, família, reuniões, academia, televisão, computador; tudo isso faz com que não se tenha oportunidade para parar e encontrar as verdades existentes dentro de si; e a vida superficial é o caminho trilhado constantemente, o qual traduz uma resposta de uma vivência inautêntica. O reflexo disso são as pesquisas que demonstram a grande eclosão de casos de depressão, anorexia, bulimia, fobia, dentre outras patologias que acometem numerosa parcela da população mundial, inclusive entre os jovens.

As pessoas não “gastam” mais tempo com os outros, porque consideram ‘perca de tempo’. As relações interpessoais são hoje, na sua maioria, vazias e artificiais. Perde-se muito ao não conviver com as pessoas, e assim, poder revelar o grande mistério que é a vida do outro e a sua própria vida, que se expressa e se diz nos relacionamentos onde há caridade e doação de si, algumas dentre as características de uma amizade verdadeira. Considerando, que me conheço mais e contemplo a Deus no outro.

O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. (Catecismo da Igreja Católica, 27).

Encontrar o mundo de dentro é encontrar o tesouro inesgotável da presença de Deus, daquele que pode saciar nossa sede de amor, e nos restituir a verdade de quem nós somos. O que nos torna pessoas autênticas e livres para testemunhar, em um mundo marcado pelo pecado, com a ousadia própria dos ungidos pelo Espírito Santo.

O fato de ser de Deus não castra nossa juventude, nem nos exime de desfrutarmos da beleza contida na obras da criação divina, pelo contrário, nos lança nos relacionamentos saudáveis, em uma vivência legítima. Ser um jovem de Deus é poder viver com intensidade, sendo livre verdadeiramente, podendo optar pelo bem e não se deixar escravizar pelo pecado, pelas paixões desordenadas e nem pelo simples prazer momentâneo, tão característico do pecado. Um jovem cristão vive livremente olhando para a eternidade, para o que não passa, espelhando-se no mistério do Relacionamento Trinitário.

Só Deus não muda, e é esse amor que nos motiva a dizermos não as ocasiões de pecado; é esse amor que nos faz levantar sempre; que nos leva a testemunhar concretamente a benevolência divina; que não nos faz desistir quando nos deparamos com nossas próprias fraquezas, que tantas vezes paralisam a nossa evangelização, a evangelização maior que manifesta-se através da nossa fidelidade a Deus.

Quando tivermos a coragem de encontrar Aquele que habita em nós e a humildade de sempre buscá-lO na oração, muitos O encontrarão na nossa maneira de ser. Já diz o salmo bíblico: Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 5, 3).

Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade, um coração reto e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus.

Por Daniele Costa e Lisieux Rocha

sábado, 5 de março de 2011

Onde mora a felicidade?

O fim da vida cristã é nos conduzir à felicidade.
Esta é a nossa vocação. Deus nos pede para deixá-lo nos fazer felizes.


É verdade que às vezes temos medo de ser felizes. E é justamente aí que somos atingidos pela infelicidade, por acharmos impossível ao homem ser feliz. Encontrar o Cristo é encontrar a alegria e a coragem para ser feliz. A aspiração à felicidade é nutrida no fundo do nosso coração, os obstáculos exteriores e interiores parecem nos impossibilitar o acesso. O primeiro dentre eles somos nós mesmos. Nehru (primeiro presidente da Índia) disse um dia: “Eu tenho três inimigos. Meu primeiro inimigo é a China, o segundo é a fome e o terceiro sou eu mesmo”. Geralmente fabricamos para nós uma imagem de felicidade perfeita: uma carreira profissional de sucesso, uma bela família, uma casa ideal, muito dinheiro... Esta imagem é reescrita a cada dia quando nos olhamos no espelho. Guardamo-la em segredo, como um retrato de nós mesmos, e lutamos, com todas as nossas forças, para coincidir com essa imagem. Na verdade, para alcançar a felicidade que tanto desejamos, é necessário ir além dos obstáculos, responder a diversas questões das quais a primeira é: “Onde está a felicidade?”.

Nosso coração, um tabernáculo
A felicidade está primeiramente inscrita no fundo de nós mesmos. Não a procuremos fora de nós! Santo Agostinho, que viveu um momento caótico na sua existência, diz em seu livro “Confissões”: “Tarde te amei, durante muito tempo te procurei fora de mim e Tu estavas dentro de mim, próximo de mim, no interior de mim mesmo”. É o que a Bíblia chama de coração: a felicidade reside no coração. Se o nosso coração não é o primeiro a ser agarrado pela felicidade, não poderemos jamais ser felizes em todas as dimensões do nosso ser.

Somos assim levados a nos perguntar em que consiste a felicidade. A felicidade consiste em se unir a Deus! A felicidade é Deus! “Tu és meu Deus, eu não tenho outra felicidade senão em Ti” (Sl 15,2). Deus, que é fonte de nós mesmos, quis nos encontrar no nosso coração. O profeta Isaías escreve: “Escreverei minha lei em vosso coração, mudarei vosso coração de pedra, eu vos darei um coração de carne”. É a vontade mais profunda de Deus encontrar nosso coração como um tabernáculo onde Ele possa morar. Não uma residência pontual, de passagem, mas uma presença intensa e permanente através da qual Ele nos dá sua alegria. Ele age com sua presença viva. Deus quer habitar nosso coração e estender sobre ele toda sua “atividade”, toda a sua vida.

A terceira questão que precisamos resolver em relação à felicidade é conhecer a sua natureza. A felicidade é amor. Nós somos feitos para amar e para sermos amados. Toda a obra de Jesus é mostrar que Deus é Amor. É a definição de Deus dada por São João. É um amor extraordinário. A maior tentação do cristão é duvidar do extraordinário amor de Deus, é dizer: “O Bom Deus nos ama de maneira simpática e bondosa”. O amor de Deus é um amor extraordinário, vai além de tudo que o homem pode conceber, imaginar ou mesmo desconfiar. É um amor excepcional que se deposita em nosso coração. É um amor pessoal. Deus nos ama como somos, com toda a nossa história.

Recentemente vi, dentro de um trem, um mulçumano estender seu tapete e se colocar em oração de joelhos. Que audácia poder orar assim a Deus, que senso de sua grandeza e majestade! Mas a missão específica do cristianismo é revelar que Deus ama cada homem. “Tu és precioso a meus olhos”. Não existe nenhuma concorrência entre Deus e o homem. Se o que damos ao homem não nos priva de Deus. O amor do homem participa do amor de Deus. Tudo que toca, atinge ou fere o coração do homem tem importância para Deus. Tudo que é feito para o homem participa do amor de Deus.

A terceira característica deste amor é a misericórdia; Deus nos ama como somos. Tive a alegria de encontrar Marta Robin no dia em que completei 20 anos. Eu lhe falei da minha dificuldade de seguir o Senhor. Ela me contou esta pequena história da vida de São Jerônimo (Século IV), que traduziu a Bíblia do grego para o latim: “Um dia, o Senhor se manifestou a ele, que trabalhava em uma gruta em Belém: ‘Jerônimo, o que tu me ofertas?’ Jerônimo reflete: ‘Senhor, eu te oferto todo o meu passado, tudo o que fiz depois da minha conversão...’ Mas o Senhor lhe repete: ‘Jerônimo, o que me tu ofertas?’. Jerônimo reflete: ‘Senhor, eu te oferto todo meu presente, todo este trabalho de exegese para melhor conhecer tua Palavra’. ‘Jerônimo, o que tu me ofertas?’ Jerônimo, todo constrangido: ‘Senhor, eu te oferto todo o meu futuro, todos os meus projetos’. ‘Jerônimo, o que tu me ofertas?’ (Silêncio de Jerônimo) Jesus o olha e diz: ‘Jerônimo, oferta-me teus pecados’.”

Quando nos aproximamos de Deus, chegamos com nossos méritos, nosso trabalho, tudo que vamos fazer, o melhor de nós mesmos. Todas essas coisas o Senhor conhece. O que Ele vem procurar, não são as nossas qualidades e méritos, mas nossos pecados e pobreza. A missa começa por “Senhor, tende piedade”. Jesus veio, como Ele mesmo disse, para curar os doentes. Deus é amor misericordioso. A misericórdia é o movimento do coração que se inclina em direção à miséria. Os grandes santos têm consciência desta misericórdia porque têm consciência da sua pobreza. Quanto mais crescemos na santidade, mais sabemos que não somos nada. O santo não é aquele que não comete mais pecado (ele se considera o maior dos pecadores), mas aquele que sabe que a misericórdia é maior do que qualquer pecado. A misericórdia de Deus é como uma torrente transbordante que leva tudo a passar – diz o Cura d’Ars.

Enfim, não se pode ser feliz sozinho. Logo, se estou feliz comunico minha felicidade. Pensemos na Bíblia, a alegria de Maria que canta seu Magnificat e faz sua alegria visitar Isabel, levar-lhe a boa nova. A alegria, por definição, é comunicativa. O homem é um ser social. Desde a criação o homem não é só. Ele é chamado à existência como homem e como mulher, na dimensão do casal. O homem e a mulher não podem se realizar sem a dimensão de comunhão, porque Deus é comunhão de pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) e o homem é imagem de Deus.


Como empregar a felicidade?
A felicidade está dentro de nós, é união a Deus, é amor, é comunhão. Mas como esperar essa felicidade? Em outros termos, qual é o modo de empregar a felicidade?

Se está inscrita em nós, nossa vida vai consistir em estender essa presença irresistível de Deus em nós. Por Ele vencemos todos os obstáculos: nossos medos, incertezas, ilusões, pecados, feridas. Um dia Celina, irmã de Santa Teresinha, lhe diz: “Quando te vejo, eu vejo tudo o que me resta adquirir”. Responde Teresinha: “Oh não, não diga adquirir, mas perder!”

O nosso desejo de encontrar a Deus é bom, mas não deve nos fazer esquecer que é primeiro Deus que nos encontra. A felicidade consiste em deixar Deus vir a nós. Isto implica uma atitude de despojamento. Estamos prontos para deixar Deus conduzir a nossa vida?

Se compararmos nossa maneira de conduzir nossa existência com a condução de um carro, estamos prontos para dar o volante ao Senhor, a fim que Ele tome a direção de nossa existência? Às vezes oramos o Pai-Nosso da seguinte maneira: “Pai-Nosso que estais no céu... seja feita a ‘nossa’ vontade...” e estamos prontos a fazer jejum e ascese para que esta oração se realize. E pedimos, de todo coração, ao Senhor que faça a nossa vontade, e nossa vontade é muito simples, é querer segui-lo conduzindo nós mesmos o nosso carro. Mas Jesus orou dizendo: “Que a tua vontade seja feita”. Isso implica em aceitar que o Senhor dirija nossa existência, que Ele nos conduza à felicidade. Isso implica abandonar nossas idéias sobre a maneira de chegar à felicidade e pedir ao Senhor que seja Ele que dirija, oriente e organize nossa vida.

Aceitar depender de Deus
Para viver esse abandono darei uns pequenos conselhos, simples e fundamentais.

Antes de tudo, uma conversão profunda de coração. No Salmo 1, que começa com “Feliz o homem”, a Bíblia confirma que o homem é feito para a felicidade e o salmista mostra duas vias: a dos ímpios – que procuram a felicidade nos seus desejos e paixões e a Bíblia os compara a folhas que são levadas pelo vento. Esta via não conduz à felicidade – e aquela que reclama precisamente uma conversão, a via do justo, que segue a lei do Senhor.

Nos convertemos quando descobrimos que a nossa felicidade consiste em aceitar depender de Deus. Não podemos ser felizes simplesmente aos pés de nossas idéias e paixões. É verdadeiramente uma conversão porque temos medo de depender de Deus, de perder nossa liberdade. A resposta ao Senhor é simples: “Quanto mais você depender de mim, mais você será livre”.

É preciso ainda se colocar na escuta da Palavra de Deus. Ela é ajuda preciosa para discernir e depois construir nossa vocação. Na oração, com efeito, nos abandonamos em Deus: a oração é, por definição, um abandono da nossa atividade, do nosso agir.

Para entrar na felicidade que Deus nos destina, é preciso crer que a felicidade é possível, que fomos criados para ela. Peçamos ao Senhor que nos conduza. Para isso, deixemos que Ele entre profundamente em nossa vida. Não desejando com palavras, mas, no silêncio do nosso coração, de uma maneira muito pessoal, dando nosso consentimento total em deixar o Senhor agir em nós e nos dirigir. Acolhamos esta dependência de Deus, ela nos levará à verdadeira felicidade.
 
Dom Dominique Rey – Bispo de Fréjus/Toulon – França , Shalom Maná


Tua Graça Me Basta

A Tua graça me basta, Senhor
É tudo o que eu preciso ter
O Teu Amor é o que me conduz
Razão maior do meu viver

Contigo seguro eu sei estou
Em Tuas mãos eu espero
Firma meus passos
Me mostra, Senhor
Fazer tua vontade é o que eu quero

Guia-me, leva-me, conduza-me por Tuas veredas
Guia-me, leva-me, Senhor! 

Qual é a hora?