terça-feira, 3 de abril de 2012

Olá!
Que a alegria do Senhor seja nossa força...
hoje quero falar sobre Nossa Senhora, nestes tempos em que vivemos é importante crermos no cuidado de Maria, ela não quer ser o Deus de nossa vida, mas ela quer levar-nos até o Deus que nos espera!
Maria não nos olha como pecadores e sim como filhos e por isso diante de Jesus ela nos apresenta como seus irmãos...
Seu maior desejo é que confiemos em sua intercessão e no poder de Seu Filho!
Por isso hoje nos coloquemos diante de Maria suplicando o cuidado maternal!


Cuida de mim...com amor de Mãe Maria... cuida de mim!
Quero sentir sua mão a me abraçar e sentir os teus lábios a me beijar!!!
Cuida mãe de mim...hoje e sempre!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012



É interessante como o tempo todo estamos em marcha à procura da Paz. Nossa história, nossas escolhas, enfim, toda a nossa vida andam no compasso desta procura. Não precisamos ir muito longe para percebermos que não raras são as vezes que sofremos uma espécie de divisão e guerra interior. Neste sentido, encontramos uma cena no Evangelho de João, que se atento formos aos detalhes nos revela muito deste estado que ora ou outra nos encontramos. Naquele fim de tarde estavam todos reunidos no Cenáculo às portas fechadas pois era grande o temor. Estavam consolados pelas aparições do Bom Mestre que havia ressuscitado, todavia, ainda revelavam uma guerra interior, pois os corações ainda eram visitados pela inquietação e pelo medo. E embora a vocação traduzisse sede de missão e a esperança os saciasse, os últimos acontecimentos, entretanto, lhes deixavam fragmentados e divididos interiormente. Faltava-lhes a paz, a paz de coração. E foi justamente na ausência dela é que Jesus veio e lhes disse: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 19b). Aqui entra o cerne da nossa reflexão, que aliás, alguns de nós no início pode ter se perguntado o que a Paz tem em comum com o Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja. É que realmente faltava aos discípulos a paz, repito a paz de coração.

Gosto sempre de explorar o universo das palavras, porque acredito que elas nos sugerem uma gama de significados acerca das coisas. E etimologicamente, por exemplo, o significado mais profundo da paz, conhecida também como Shalom, não é ausência de guerra ou violência como acreditamos. Em hebraico a palavra SHALOM, traduzida para nós como paz, significa “estar inteiro”, completo, indiviso. Isso é muito e revelador, porque a partir desta compreensão, concluímos que muitos de nós não estamos em paz, porque não estamos inteiros. Para alcançarmos a paz paz em nossos espaços, em nosso coração, em nossa família em nossa comunidade e vocação, é preciso portanto que cada um esteja inteiro.

Quando Jesus diz “A Paz esteja convosco!”, o Autor Sagrado detalha que a alegria é ressuscitada na vida daqueles discípulos. Eles parecem entender bem o desejo do Bom Mestre traduzido como: “Estejais inteiros! Sejais em tudo inteiros!” É fascinante minha gente trilharmos o caminho da inteireza porque é ela que nos prepara para a missão. “Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós” (Jo 21, 21). Há uma beleza escondida neste versículo, que nos revela que não é possível viver bem aquilo que Deus tem amorosamente nos confiado, se estamos inquietos, sem paz no coração, de algum modo aflitos ou divididos. A regra para viver bem uma vocação seja ela qual for é estar inteiro para ser todo inteiro nela.
Ainda no contexto do Cenáculo encontramos um outro rico detalhe: “Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo”(Jo 21, 22). É na inteireza do nosso coração que Deus derrama o Dom do seu Amor,(Jo 21, 21) nos oferecendo deste modo a condição de vivermos bem aquilo para o qual Ele nos chama.
Quando nos dispomos dos pequenos aos grandes gestos sermos inteiros, este dom que é o próprio Espírito Santo vem em nosso auxílio para perseverarmos e crescermos nesta inteireza tal como os discípulos cresceram após o terem recebido.
Sejamos inteiros, vivamos em paz e Amor em nosso socorro virá!

......................................................................................................................................
Escrito por : Jean Borges

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Ano Novo, Tempo Novo!


Começamos o ano cheio de expectativas e apostas!
Expectativas de grandes realizações e acontecimentos e apostas de que tudo irá se realizar conforme sonhamos. O que muito de nós não percebemos é que nada muda a não ser os dias do Calendário, mas tudo continua igual, o tempo, os acontecimentos, os pensamentos, os sentimentos, as atitudes...
Realmente para que de fato não somente o Ano no Calendário mude mas o nosso tempo mude é preciso mudar também atitudes, gestos, somos nós que devemos procurar mudar e não apenas ficar na expectativa!
Deus nos dá uma folha em branco pra começarmos a escrever a história de um novo tempo, e isso não nos dá a cada 12 meses, ele nos dá essa folha em branco todos os dias! Todos os dias sopra em nós o folego da vida e nos chama ao sucesso, a vitória...a uma vida nova!

Quem vive unido a Cristo torna-se uma pessoa nova. As coisas antigas passaram. Tudo é novo.
2 Coríntios 5, 17

Unamos o nosso coração em Deus, gosto de dizer que Deus nos deu o papel e nos escolheu pra sermos as canetas, e Ele o refil dessa caneta, sem Deus não temos história pra contar e nem como contar...por isso assim como diz essa palavra UNIDOS A CRISTO, tornamo-nos não por merecimento mas por graça PESSOA NOVA, e por consequência dessa graça TUDO SE TRANSFORMA, TUDO É NOVO!

Tenhamos fé, força, sabedoria e discernimento para escrevermos uma história de vitória, com os joelhos dobrados e coração contrito Deus nos dará belíssimas histórias para escrever!

Deus abençõe esse novo tempo em sua vida!

Um abraço Fraterno
Luiz Avelar



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

FORMAÇÃO I O Santo Natal e São José




“José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. José, ao despertar do sono, agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. Mas não a conhecer até o dia em que ela deu a luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus” (Mt 1,20-25).

Quase todos os cartões de Natal que nós recebemos no tempo do Santo Natal, com certeza, haverá um homem em pé, no fundo da cena, olhando por sobre o ombro de Maria, mostrada em destaque o cuidando do bebê Jesus. Seu nome é José e, após as narrativas do Natal, pouco se ouve falar dele. Se não soubéssemos algo mais, pensaríamos que José era um espectador insignificante ou, na melhor das hipóteses, uma mera necessidade de respaldar a reivindicação de Jesus ao trono de Davi.
Mas, na verdade, o papel desempenhado por José era estrategicamente importante. Se ele tivesse desobedecido ao mandamento do anjo, de receber Maria como sua mulher (Mt 1,20), ele teria, numa perspectiva humana, colocado em risco toda a missão salvadora de Jesus. Receber Maria como sua mulher era uma tarefa arriscada. A percepção pública de que ele era o pai do bebê o colocava em risco uma séria violação da lei judaica e o tornava uma desgraça pública. No entanto, hoje somos todos agradecidos por ele ter se disposto a arriscar sua reputação para participar e ser um facilitador do desdobramento do plano de Deus.
As perspectivas de Maria e José podem nos ajudar a redescobrir o maravilhoso sentido do Santo Natal não apenas como uma época de celebração, mas em todo tempo da nossa vida. É uma dádiva que o nosso amoroso Deus se dispôs a nos conceder para tornar Seus. Para Maria e José, aqueles acontecimentos foram milagrosos e continua sendo em nossos corações para sempre.
José é o modelo de pai que ensina como a mais alta pedagogia do silêncio. Sua educação é forte pelo testemunho e pelo olhar de amor celestial.
José, homem justo (Mt 1,19), ou seja, santo homem de Deus que obedeceu a divina revelação e cooperou com o Senhor Deus no projeto da redenção humana.
José não quis aparecer, a luz é seu filho Jesus. Sua missão foi obedecer, proteger, silenciar para que o Emanuel pudesse estar sempre presente conosco.
Santo Ambrósio dizia: “Se amais São José, imitai-lhe as virtudes”.

O Natal só pode ser uma verdadeira FESTA de amor em família com José e Maria.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
por Pe. Inácio José do Vale, Professor de História da Igreja - Faculdade de Teologia de Volta Redonda


sábado, 12 de novembro de 2011

Porque não adoro Maria?



Vou dizer por que não adoro Maria, a mãe de Jesus; porque ela não é deusa! E…ponto final! Mas vou dizer por que a amo, respeito, louvo e venero. É porque não é todo dia que uma mulher dá à luz um filho como Jesus… Jesus é incomum e sua mãe também é.

E vou dizer por que, além de falar com Jesus, eu também falo com Maria; é que eu creio que Maria não está dormindo o sono da espera pelo último dia da humanidade; ela está no céu, santificada e elevada pelo seu Filho. Falo a cristãos porque ateus não admitem nem Deus nem estes dogmas. Budistas, judeus e muçulmanos também não. Eles têm outros dogmas de fé.

Como creio que o sangue de Jesus tem poder e que Jesus Cristo salva o céu está repleto de santos alguns dos quais nós, católicos, retratamos e lembramos em imagens para não esquecer deles. Como não há humanos perfeitos tiveram seus limites, mas assim mesmo eram crentes e pregadores melhores do que nós.

Se Jesus salva a quem o segue, então é claro que a mãe dele está no céu porque Maria foi quem melhor o seguiu. Raciocinem comigo. Se Jesus ainda não levou nem a mãe dele para o céu, então Mateus exagerou; todo o poder não foi dado a ele… Se até agora ninguém entrou no céu, então a estação de baldeação onde ficam as almas à espera do último dia do planeta deve estar superlotado.

Intercessão


É por crer que o céu está repleto de humanos que Jesus salvou que peço intercessão dos salvos no céu e aceito também a dos que se proclamam salvos já nesta vida porque aceitaram Jesus. Se eles estão salvos a mãe de Jesus esta super-hiper-salva…É a razão pela qual peço a Maria que, lá no céu, ore por mim e comigo. Se padre e pastor podem interceder a Jesus por mim então a mãe de Jesus pode mais. Ela é mais de Jesus que todos nós juntos. Se aceito os intercessores da terra, que diante das câmeras, de manhã e de noite, em emocionados programas de rádio e televisão, dizem de boca cheia que vão orar e oram pelos seus fiéis, então eu posso acreditar nos santos do céu que Jesus já salvou. Entre os salvos escolhi Maria a mãe de Jesus para orar comigo e por mim e pelos que me pedem orações. Eu creio que ela está viva no céu. De Jesus ela foi quem mais entendeu neste mundo, e imagino que continue a ser no céu a que mais sintoniza com Ele.

Como creio que Jesus não era um simples homem e que ele de fato era o Filho eterno que se encarnou não tenho como explicar isso a um judeu, um muçulmano ou um ateu. Mas para cristãos parece-me lógico explicar por que razão não adoro Maria e por que razão eu escolhi a intercessão desta humana acima de qualquer outro cristão.

Não acho que Deus espera pelo toque da última trombeta para levar seus filhos para perto dele. Não esperaremos 10 ou 100 mil anos para entrar no céu. Jesus já disse que iria preparar-nos um lugar e que viria e levaria com ele os que ele resgatou. E penso que Maria foi o primeiro grande fruto da santidade de Jesus: santificou primeiro a mãe dele.

Se eu disser que Jesus foi um simples profeta e que ele não é o Cristo, nem tem poder algum, e que tudo foi empulhação dos primeiros cristãos, então terei que descartar Maria e situá-la no mesmo nível de qualquer mulher mãe. Mas, se eu aceitar que ele é do céu e que houve um tremendo momento da humanidade no qual Deus se manifestou assumindo a natureza humana, então, seja eu católico ortodoxo, ou evangélico, ou pentecostal, terei que louvar e enaltecer a mãe dele. Nunca houve mulher mais privilegiada do que ela. Pagou, com o filho o alto preço da redenção, porque mesmo sendo humana esteve lá de Belém até à cruz assumindo tudo com ele, da mesma forma que hoje nós nos associamos às dores dos outros em nome dele.

Vou dizer outra vez por que não adoro Maria. Eu só adoro a Deus e Maria não foi, não é, nem nunca será deusa. Mas vou dizer outra vez porque a coloco acima de todos os papas, bispos, padres e pastores do mundo. É que nenhum de nós conhece Jesus como Maria conheceu e conhece. A mãe dele foi o primeiro fruto de sua ação no mundo.

Se você me vir falando com Maria, não com a imagem dela, é claro, porque sei a diferença, pode apostar que é porque acredito no poder de Jesus Cristo e na sua promessa e porque também acredito em intercessão. Tenho um trato com o céu. Eu falo direto com o Pai, usando o nome do Filho que aqui se chamou Jesus, ou falo com Jesus que está no seio da Trindade, ou falo com os santos que ele salvou. E entre eles prefiro Maria a quem todos os dias peço que ore comigo e por mim agora e na hora de nossa morte.

Se você é cristão então não terá dificuldade de entender esse assunto de orar uns pelos outros. Se não for e achar essa doutrina estapafúrdia, continue achando. Ateus e outras religiões também têm seus credos estranhos ou estapafúrdios. Em nome do nazismo e do comunismo ou da ditadura do proletariado ou de uma raça, não defenderam no século passado Marx, Lenin, Stalin, Che Guevara e Fidel e, os da direita, Hitler, apesar das mortes que causaram? Cada qual aceita seus dogmas e faz suas faz a suas escolhas. Não mataram em nome de Jesus e de Maomé? Eu proclamo que os que deram a vida e não mataram estão no céu… Meus dogmas aceitos são muito mais suaves.

Escolhi crer que Deus existe e esteve entre nós e ainda se manifesta. Respeito quem não crê em Deus ou crê, mas não crê como eu. Espero o mesmo respeito. Não sou tão tolo quanto pareço, nem os que duvidam são tão espertos e humanitários quanto parecem. Vivemos de apalpar o tempo e a eternidade, sem saber o que fazer com ambos. Então, cada um defina sua vida a partir o que acha que entendeu. E ponto final!


Padre José Fernandes de Oliveira, SCJ
 
 

sábado, 29 de outubro de 2011

ATITUDES CURADORAS




Muitos dos nossos erros são reações ao mal que nos fizeram. A compreensão, corretamente manifestada, é um excelente instrumento de cura e restauração. Sem uma palavra de elogio, ninguém tem forças para mudar um comportamento ou corrigir uma atitude.

Quando um apessoa comete um erro, nada a condena mais do que a sua própria consciência. O mais dificil é se perdoar, aceitar-se e redimensionar sua caminhada. As críticas não ajudarão em nada se não forem precedidas de um elogio sincero, honesto, maduro e equilibrado.

A crítica por si só gera frustração, decepção, desânimo e tristeza. O elogio, quando verdadeiro, injeta o ânimo necessário para que se possa refazer a vida. Isso deveria ser a maior função de uma família e uma comunidade: ressaltar valores. Das críticas e acusações, a sociedade já se encarrega.

Há pessoas especializadas nesse ministério encardido. Mas muitos santos, seguindo a pedagogia de Jesus, especialmente em Seus gestos curadores, aprenderam e praticaram o elogio como arma poderosa de cura e restauração.

A exaltação não pode ser confundida com a bajulação. Elogiar é ressaltar as qualidades individuais e precisa coincidir com aquilo que a pessoa já sabe que tem e que está escondido sob a manta do erro. Não adianta querer inventar uma qualidade para enaltecer alguém. Nesse caso, esse alguém logo se percebe enganado e se fecha ainda mais no erro.

O elogio será uma linda gota de cura interior quando refletir um valor da pessoa e reanimá-la a retomar essa qualidade. O enaltecimento é uma palavra de esperança ativa, concreta, possível e realizável.

Infelizmente, essa é uma prática tão remota em nosso meio que, muitas vezes, temos medo do elogio. Quando alguém nos elogia ou ao nosso trabalho, ficamos com o pé atrás, achando que depois, certamente, virá um pedido de ajuda. Por isso, como atitude curadora, o elogio jamais deverá ser acompanhado de um pedido de favor.



Padre Léo, scj
Padre do Sagrado Coração de Jesus, fundador da Comunidade Bethânia que tem como carisma o trabalho de recuperação de dependentes químicos.

sábado, 8 de outubro de 2011


 


Como você já sabe, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus e, como tal, foi criado para viver a intimidade com Deus, para relacionar-se “pessoalmente” com Deus, para conhecê-lo profundamente, para ser seu amigo (Gn 3,8). Pelo pecado original, que é um não dito à amizade e à submissão a Deus, o homem rompeu com o seu Criador, optando por não viver a comunhão com Ele, por não depender d’Ele, por não tê-lo como o sentido verdadeiro de sua vida. Fechou-se em si mesmo e a seu divino amigo, tornou-se seu inimigo, afastando-se do plano de Deus para a sua vida. Os seus pensamentos já não eram mais os pensamentos de Deus, os seus sentimentos, os seus desejos, deformando assim a imagem e semelhança de Deus e consequentemente perdendo a intimidade com Ele.

Quanto mais você se afasta da presença e da amizade de Deus, mais você se afasta da retidão e da sua vida verdadeira. É a mesma coisa que fosse retirado o ar que você tanto precisa para viver. Nós podemos verificar isso concretamente em nossas vidas: quando nos afastamos de Deus é como se perdêssemos a bússola para nos conduzir estando em alto mar. Quantas vezes erramos, nos sentimos derrotados em nossas opções de vida porque ficamos inteiramente cegos, surdos e conseqüentemente confundidos! A luz que iluminava nossos caminhos se tornou cada vez mais fraca, cada vez mais opaca. Já não sabemos mais quem somos nós e nem qual o nosso projeto de vida. Deus se encontra em um lugar e nos ficamos em outro completamente diferente. É como se não enxergássemos um palmo na frente do nosso nariz. E ficamos convictos de que o que optamos está muito certo, é a melhor coisa para as nossas vidas.

O próprio São Paulo estava convicto que a melhor coisa para a vida dele e de toda a humanidade era o judaísmo. No entanto ele precisou “cair do cavalo” para descobrir que as suas convicções não eram tão certas assim. E ele mesmo diz: “Certamente ouvistes falar de como outrora eu vivia no judaísmo: com que excesso eu perseguia a Igreja de Deus e a assolava; avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais... Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o tornasse conhecido entre os gentios, imediatamente, sem consultar a ninguém, sem ir a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim, parti para a Arábia... Damasco... Jerusalém... regiões da Síria e da Cilícia. Eu era ainda pessoalmente desconhecido das comunidades cristãs da Judéia; tinham elas apenas ouvido dizer: ‘Aquele que antes nos perseguia, agora prega a fé que outrora combatia’. E glorificavam a Deus por minha causa” (Gal 1,13-23).

Nós não tínhamos mais como, por nós mesmos, voltar a esta amizade com Deus, para que Ele nos conduzisse, nos alimentasse e nos levasse a viver a vida que nós tínhamos sido criados para viver, que era a vida divina, que era ser a imagem e semelhança de Deus. Porém, através da vinda de Jesus ao mundo, toda inimizade entre o homem e Deus foi destruída (Ef 2,12-18) e por Ele a imagem e semelhança de Deus no homem foi restaurada. Os pensamentos, os sentimentos, os desejos de Deus foram colocados novamente no mais íntimo do seu ser (Ez, 36,27) e agora o homem pode viver a vida de amor com o Deus para o qual foi criado, pode ser íntimo de Deus, pode ter vida interior e divina, pode participar da vida divina.

Foi desterrada toda apatia do seu coração, foi destruída toda indiferença que paralisa a ação divina e afasta as suas graças e feito arder o zelo pela glória de Deus. Pela morte e ressurreição de Jesus, o muro de separação foi destruído e aconteceu a efusão do Espírito Santo no coração de cada homem. Afirma São João que “de sua plenitude todos recebemos graça sobre graça” (Jo 1,16). “Assim como a chuva, em sua estação, desce abundantemente do céu e se acumula entre as cavidades rochosas da montanha até encontrar um caminho para o exterior e poder transformar-se em fonte que jorra dia e noite, no verão e no inverno, assim também o Espírito desceu e se acumulou completamente em Jesus durante a sua vida terrena até encontrar na cruz um caminho, uma ferida e transformar-se para a Igreja em fonte que brota para a vida eterna” (1).

Pelo Espírito Santo que habita no interior do homem através da graça do batismo, o seu coração está habitado por um germe de oração. A oração é fruto de uma graça que é gerada por Deus no homem, por isto o homem não pode criá-la mas seguir seus impulsos e suas inspirações. O homem foi criado para orar, e se, pelo pecado, havia se desviado desta vocação, o Pai, através de seu Filho, pelo poder do Espírito Santo, pelo batismo restituiu-lhe a graça de orar.

O homem é o único ser criado que tem a capacidade de superar as suas limitações, como também o único capaz de auto-transparência, de transcendência e de liberdade, isto é, é o único ser criado aberto, capaz de um encontro pessoal com Deus, de um diálogo com seu Criador.

Diz o Concílio: “Por sua interioridade é superior ao universo inteiro. A essas profundidades (de si mesmo) retorna quando entra em seu coração, onde o aguarda Deus, perscrutador dos corações, e onde ele, pessoalmente, sob o olhar de Deus, decide seu próprio destino” (GS 14). O homem precisa voltar-se para dentro de si mesmo, para o centro do seu ser e descobrir o seu coração de oração. É um movimento de regresso ao centro de si mesmo para encontrar nele Deus presente e operante.

Através da oração, isto é, deste encontro do homem com o seu Deus, deste relacionamento de intimidade com Deus, deste diálogo penetrante e transformador, a imagem de Deus nele vai resplandecendo passo a passo e o homem vai adquirindo a sua verdadeira imagem, a sua verdadeira dignidade O homem vai tornando-se verdadeiramente humano e Deus vai lhe restituindo o sentido real de sua vida e assim vai sendo conduzido para alcançar o seu destino último: a vida eterna com Deus, a vida eterna de felicidade e de realização.

A Oração é para todos

A oração é para todos os homens, mas não é para qualquer um, porque é uma aventura em direção a Deus e esta aventura exige que o homem deixe as suas seguranças, suas opiniões, seus conceitos, seus desejos, sua mentalidade, sua vontade para que possa ser encharcado com o que é de Deus. A oração é uma decisão do homem de levar uma vida fora da mediocridade, por isto ela é para os que amam muito a Deus. “O chamado à oração não é privilégio de ninguém, mas uma necessidade dos que se abrem à graça, à luz do Espírito Santo que, inundando nosso ser, nos faz compreender como devemos assumir uma atitude de discípulo para escutar a voz do Mestre que nos chama ao silêncio do deserto, da noite e da montanha para estarmos a sós com Ele” (2).

Que você possa compreender e levar as pessoas do seu grupo de oração a compreender a riqueza deste “amigo”, o valor desta amizade tão cara com Jesus, seguindo o exemplo de Santa Teresinha “que não se sentia feita para o tempo, mas para a eternidade. Ainda que todas as promessas da terra se transformassem em realidade concreta não a teriam podido satisfazer. Suas ânsias de felicidade eram maiores que todas as coisas colocadas juntas; eram imensas, infinitas. Eis porque a solidão era para ela cheia de solicitações e os acontecimentos, também os menores e, na aparência, os mais insignificantes e banais, conduziam-na, instintivamente, para o íntimo santuário da alma a fim de facilitar a escuta de vozes mais elevadas, mais transparentes, mais dignas de atenção.

Então, as realidades temporais, como que obedecendo aos acenos irresistíveis e misteriosos, desapareciam e todos os sentidos, internos e externos, recolhiam-se silenciosos e, atentos e dóceis, escutavam sons invisíveis, recebiam revelações cheias de felicidade e cálidas de amor. Como eram pálidas e escorregadias as coisas, todas as coisas, diante das realidades sobrenaturais! E como era de compadecer as imoderadas, as contínuas, as excessivas preocupações com tudo aquilo que, fazendo parte do tempo, era naturalmente inconsistente!” (3).

É importante compreender que nós não podemos ter vida verdadeira sem esta amizade e submissão a Deus, pois somente através dela seremos cada vez mais nós mesmos, o que tantas vezes o homem de hoje busca encontrar para assumir. Para isto é necessário este tempo de solidão com Deus para desfrutarmos de sua presença transformadora, escutarmos as suas inspirações e recebermos a força para assumirmos no mundo o que verdadeiramente nós somos e concretizarmos o plano de vida elevada que Deus escolheu para nós em sua misericórdia.

Não confiemos em nossas inspirações humanas, deixemo-nos conduzir inteiramente pelas de Deus para não termos o amargo dissabor trazido pelas motivações, desejos, escolhas, aspirações que não se submetem à sua vontade. Fazer a nossa vontade é nos arriscar a comer um alimento estragado que pode nos levar à morte.
________________________________
1 - Cantalamessa, Raniero. Ungidos pelo Espírito. São Paulo: Ed. Loyola, 1996 p. 20.
2 - Sciadini, Patrício, OCD. À Procura de Deus. São Paulo: Ed. Loyola, 1996, p. 27.
3 – Berardino, Pedro Paulo di. A Solidão em Santa Teresinha do Menino Jesus. Tradução e revisão: Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha. São Paulo: Paulus, 1995, p. 39.


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
por Germana Perdigão, Comunidade de Aliança Shalom *
Comunidade Shalom

Qual é a hora?